Estamos em 2016, isto deveria significar que progressos civilizacionais aconteceram. Li e reli notícias, escrevi uma, vi vídeos, li crónicas e comentários, mas ainda não sei bem o que penso do que aconteceu em Orlando, do que está a acontecer no mundo, connosco. Desta coisa de matar porque alguém é, age, pensa e sente diferente de nós. Não sei porque não percebo. Já tentei fazer o exercício de me colocar nos pés de um agressor, não fez sentido.
A vigília de Lisboa de homenagem às vítimas do massacre de Orlando contou com a participação de cerca de 200 pessoas. Entre elas estava o padre Fernando Santos, membro da Igreja Anglicana em Portugal e responsável por quatro comunidades na região de Lisboa.
Os três empreendimentos turísticos localizados em Afife, distrito de Viana do Castelo, que vedavam a entrada a gays e lésbicas, adeptos de futebol, frequentadores/adeptos de festivais de música de verão" já retiraram estas condições dos sites de reservas. Mantêm-se apenas as advertências para “consumidores de estupefacientes e quaisquer substâncias psicotrópicas” que queiram aceder à Casa D’João Enes, Casa d’Eira e Casa D’Alambique.
Ouvia-se o murmurar constante das pessoas que se uniram por Orlando. Algumas centenas juntaram-se ontem à noite, 15 de Junho, junto à estátua de D. João I, na Praça da Figueira e demonstraram que Lisboa também é Orlando mas, sobretudo, que Lisboa é Gay, Lisboa é LGBTI.
Não é fácil escrever sobre um evento tão devastador. Um acto isolado de violência configura uma impossibilidade. A homofobia, a transfobia e demais expressões de violência matam quotidianamente, de muitas formas e de modo transversal.